O RETRATO DO VERDADEIRO AMOR E COMO PRATICÁ-LO.
ARTIGO

4 O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. 5 Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. 6 O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. 7 Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. 1Coríntios 13.4-7
A comunidade cristã de Corinto foi fundada pelo apóstolo Paulo durante a sua segunda viagem missionária (Atos 18.1-18), na primeira metade do ano 50 ou 51d.C. O apóstolo Paulo ficou por lá até depois da primeira metade do ano 52 d.C., provavelmente dezoito meses. Os primeiros tempos foram duros, pois o apóstolo encontrou em Corinto um ambiente muito difícil devido a hostilidade dos judeus e da corrupção moral que grassava na cidade. Corinto, capital da província romana da Acáia, foi um importante centro cultural e econômico na época da Grécia Antiga. Era a segunda cidade grega com cerca de 500 mil habitantes, com dois portos nas adjacências e sua localização estratégica permitiu um desenvolvimento comercial significativo, tanto por via terrestre como marítima, resultando em uma cultura rica e próspera na região.
A prosperidade e a riqueza da cidade estavam baseadas no comércio. Corinto era famosa pela produção artesanal de cerâmica, madeira e bronze, tinha como língua oficial o latim, mas o povo falava o grego popular. Em Corinto havia grandes templos as divindades locais e prédios administrativos de grande importância, como o templo a Afrodite, deusa do amor e da fecundidade.
Sua população era formada por diferentes classes sociais, comerciantes, artesãos, libertos e grande número de escravos, e é nessa cidade cosmopolita nasce um pequeno grupo de cristãos, formado em sua maioria por gente pobre, estivadores dos dois portos da cidade, formando uma comunidade alternativa, que rompeu com o passado para viver a novidade do Evangelho. É justamente para esse grupo que o apóstolo Paulo apresenta no capítulo 13, versículos 4 ao 7 da epístola aos Coríntios uma descrição vívida e profunda do amor autêntico.
O apóstolo Paulo não fica satisfeito em definir o amor de maneira apenas abstrata, mas esboça suas características práticas e tangíveis retratando-o como algo bem maior que um sentimento passageiro ou uma emoção intensa. DE acordo com as Sagradas Escrituras, o amor cristão é um chamado à ação, um convite para viver a vida de modo radicalmente diferente.
Introdutoriamente o apóstolo Paulo afirma que o amor é paciente e bondoso. Essas duas qualidades estruturam todas as outras que se seguem. Ele explica que a paciência nos permite suportar as falhas dos outros, enquanto a bondade nos move a agir em favor deles. Esse conceito nos remete as palavras de Jesus em Mateus 5:44-45, onde somos exortados a amar nossos inimigos, demonstrando dessa forma a natureza do amor divino.
Na sequência, observamos a descrição do que o amor não é: o amor não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Essas características negativas revelam que o amor verdadeiro é fundamentalmente altruísta. Ele não busca seu próprio bem-estar às custas dos outros, nem se regozija com sua própria superioridade. Em vez disso, o amor se alegra com o sucesso alheio e busca elevar os outros. Um exemplo prático desse amor pode ser visto na relação dos pais pelos filhos, no qual muitas das vezes renunciamos a confortos e até de necessidades para suprir as deles.
Santo Tomás de Aquino, também conhecido como o “Doctor Angélico” e o “Doctor Communis”, um dos maiores pensadores da Idade Média e uma das figuras mais proeminentes da história da teologia e filosofia captura a essência do amor descrito por Paulo em 1 Coríntios 13 ao afirmar que “o amor é a alegria pelo bem”. Tomás de Aquino nos lembra que o amor autêntico não é egoísta, mas se regozija com o bem-estar e a felicidade do outro. Esta perspectiva ressoa com as palavras do apóstolo Paulo de que o amor “não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade” – 1 Coríntios 13.6,7. Assim, o verdadeiro amor não apenas deseja o bem para o outro, mas encontra genuína satisfação e alegria quando esse bem se realiza.
A definição apresentada nos desafia a cultivar um amor que vai além dos nossos próprios interesses, buscando ativamente o florescimento daqueles ao nosso redor desafiando-nos a colocá-la em prática no nosso dia a dia. Sendo assim, quero orientar você a colocar em prática esse aspecto tão essencial do verdadeiro amor: 1º Ore ao Senhor – “Senhor, sinto-me desafiado a amar de forma mais abnegada. Ensina-me e usa-me no meu dia a dia para que isso aconteça, em nome de Jesus”; 2º Pratique a escuta ativa em suas relações. Quando conversar com alguém, em vez de pensar a resposta a ser dada, concentre-se verdadeiramente em compreender o outro. Isso demonstra paciência, bondade e humildade – qualidades essenciais do amor descritas pelo apóstolo Paulo. Ao fazer isso, cultivaremos relacionamentos mais profundos e significativos, refletindo o amor de Cristo em um mundo tão carente.